Desde muito jovem, carreguei um grande trauma relacionado ao meu pai.
Nossa convivência sempre foi difícil. Ele agia de maneiras que prefiro não detalhar aqui. Era ríspido e só demonstrava afeto quando queria cometer tais atos… Foi só na adolescência que comecei a compreender a gravidade do que acontecia.
A revelação da verdade foi um choque para mim. Perceber que era vítima do meu próprio pai me impulsionou a confrontar ele, tornando nossa convivência insuportável. Enquanto isso, minha mãe ignorava tudo o que ele fazia, e agia como se não percebesse os absurdos que aconteciam dentro da própria casa.
Após concluir os estudos, mergulhei no mercado de trabalho e fui morar sozinha, deixando para trás aquela casa que tanto me machucou. Nutria um profundo ódio pelo meu pai, pelo que ele me fez, e ressentia minha mãe por não ter feito nada para me proteger.
Os anos se passaram e, mesmo emocionalmente abalada, percebi que precisava agir para mudar minha situação. Iniciei a terapia com um profissional que utiliza a abordagem TRG.
Não posso dizer que perdoei meu pai, seria uma mentira. Mas consegui aliviar a dor que me consumia e amenizar os traumas que ele causou. Quanto à minha mãe, as sessões me ajudaram a resgatar memórias escondidas no meu inconsciente, compreendendo que suas ações visavam me proteger. Sei agora que ela enfrentou meu pai inúmeras vezes em meu favor.
Reconhecer que minha mãe também foi vítima do meu pai me entristece, pois já não tenho a chance de dizer a ela que a perdoo. Mas estou aqui, pronta para viver a vida que mereço, sem as correntes do passado que meu pai me impôs. Hoje, meu maior desejo é encontrar a felicidade.